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sábado, 21 de agosto de 2010

Astronauta volta à Terra com musculatura de uma pessoa de 80 anos

Envelhecimento provocado pelo espaço pode ser evitado com mais pesquisas e o uso de equipamentos específicos para musculação

Pesquisadores analisaram o músculo da panturrilha de nove astronautas da Estação Espacial Internacional

Astronautas, depois de passarem seis meses na Estação Espacial Internacional (ISS), podem ficar com as mesmas condições físicas de um velhinho de 80 anos. É o que afirma o novo levantamento, que causa preocupações com as condições de saúde dos astronautas em um momento em que a Nasa volta a considerar missões longas a asteroides ou mesmo a Marte.

Robert Fitts, biólogo da Universidade Marquette que liderou o estudo, salientou que a ação do espaço na aceleração de idade é temporária: os músculos dos astronautas se recuperam depois de alguns meses de volta à Terra.

Mas e se a tripulação precisasse fazer um pouso de emergência na Terra para fugir de uma nave espacial em chamas? E se depois de chegar à Marte fosse necessário fazer uma caminhada espacial de urgência para reparos? Será que eles conseguiriam? "Eu ficaria preocupado", disse Fitts.

De acordo com Fitts. os astronautas podem evitar ficarem fracos com mais pesquisa e o equipamento certo para alcançar a academia de ginástica ideal para o espaço, disse Fitts. "Eu realmente acho que tudo isso é evitável", disse.

O astronauta Alan Poindexter exercitar no ônibus espacial Atlantis, enquanto estiver acoplado com a Estação Espacial Internacional
A equipe de pesquisadores baseou suas descobertas a partir da biópsias do músculo da panturrilha de nove astronautas russos e americanos residentes da ISS entre 2002 e 2005. Este foi o primeiro estudo muscular em astronautas de longas viagens que chegou ao nível celular.
Cada astronauta passou seis meses a bordo do laboratório orbital, e foi submetido a uma biópsia antes de ir ao espaço e imediatamente depois de retornar à Terra.

Os pesquisadores descobriram que os astronautas perderam mais de 40% da força dos músculos da panturrilha. Esses músculos são de extrema importância para o equilíbrio e postura do corpo. A perda da força destes músculos nos níveis verificados equivale a ficar duas vezes mais velho.

A deterioração dos músculos da panturrilha ocorreu apesar de os astronautas terem dedicado de uma a duas horas de exercício por dia. Há algum tempo, a NASA já havia percebido a importância de exercícios físicos, e por conta disso a Estação Espacial está equipada com esteiras, bicicletas ergométricas, e máquinas de agachamento e de levantamento de perna.

A agência espera que um novo equipamento de exercícios, enviado à Estação no ano passado, melhore as condições físicas da tripulação. Os astronautas reclamavam da falta de resistência dos equipamentos anteriores.

Atualmente, os astronautas que voltam de missões de seis meses na ISS fazem fisioterapia e ficam proibidos de dirigir por seis semanas. Uma expedição a Marte demoraria no mínimo três anos.

Além dos exercícios, os astronautas precisam comer mais, ressaltou Fitts. Estudos mostram que pessoas confinadas na cama, como modo de simular gravidade zero, precisam consumir um número adequado de calorias logo após o exercício para se beneficiar deles. "Todos os ex-tripulantes da ISS que participaram do estudo não comiam o suficiente," afirmou.

O fisiologista Gregory Adams, que faz pesquisas biomédicas para a Nasa, diz que os músculos da panturrilha são particularmente vulneráveis à gravidade zero, e difíceis de exercitar -- em outras palavras, o pior exemplo possível. "Eu seria mais cuidadoso em extrapolar estes resultados para o resto do corpo," afirmou.

E cada astronauta é diferente. Por causa da genética, alguns indivíduos parecem ter mais atrofia muscular que outros, não importa o quanto se exercitem. O estudo de Fitts, que foi patrocinado pela Nasa, será publicado na edição de setembro do Journal of Physiology.

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