A nave Venus Express estuda evidências de água no planeta |
A missão da Agência Espacial Europeia (ESA), Venus Express, está a ajudar os cientistas a investigar a possibilidade de Vénus ter tido oceanos. Caso se confirme, a história do astro até pode ter começado num planeta habitável, semelhante à Terra.
Actualmente, ambos são completamente diferentes: a Terra é um mundo luxuriante, onde a vida abunda, enquanto Vénus é infernal, com a sua superfície a ferver a temperaturas superiores às de um forno da cozinha. Apesar das diferenças, "partilham inúmeras semelhanças" – têm praticamente o mesmo tamanho e agora, com a neve da ESA Venus Express, os cientistas planetários verificam que existem outras semelhanças também –, disse Håkan Svedhem, cientista do projecto da Venus Express .
Mas, Vénus tem muito pouca água e se a dos oceanos terrestres fosse espalhada uniformemente pela superfície da Terra, formaria uma camada com três quilómetros de profundidade. Se condensássemos o vapor de água presente na atmosfera de Vénus, formar-se ia um pântano com três centímetros.
Vénus perdeu grandes quantidades de água (Imagem: ESA/MPS/DLR/IDA) |
Contudo, há milhares de milhões de anos, Vénus tinha provavelmente muito mais água; já que se confirmou que o planeta perdeu uma grande quantidade para o espaço – porque a radiação ultravioleta do Sol atravessa a atmosfera de Vénus separando as moléculas de água em dois átomos: dois de hidrogénio e um de oxigénio. E estes acabam por se escapar para o espaço.
A Venus Express mediu a taxa a que estes gases se escapam e confirmou que para o hidrogénio a taxa é duas vezes superior à do oxigénio. Acredita-se, por isso, que a água é a fonte destes iões que se evadem. Verificou-se também que uma forma de hidrogénio pesado, chamado deutério, está a ser enriquecido progressivamente nas camadas mais elevadas da atmosfera de Vénus, já que para o hidrogénio pesado não é tão fácil escapar.
"Tudo indica que tenha havido grandes quantidades de água em Vénus, no passado", diz Colin Wilson, da Universidade de Oxford, Reino Unido. Mas isto não significa, necessariamente, que tenha havido oceanos na superfície do planeta.
Modelo de Chassefière
Eric Chassefière, da Universidade Paris-Sud, França, desenvolveu um modelo computacional que sugere que a água tenha existido sobretudo na atmosfera, em tempos muito primitivos, quando a superfície estava totalmente fundida. À medida que as moléculas de água se separavam em átomos, pela acção da luz do sol, e escapavam para o espaço, a consequente descida na temperatura desencadeou provavelmente a solidificação da superfície.
Apesar de ser difícil testar esta hipótese, esta é uma questão que impera. Se Vénus alguma vez tivesse tido água à superfície, seria possível que o planeta tivesse passado por uma fase inicial de habitabilidade. Mesmo correcto, o modelo de Chassefière não exclui a hipótese de os cometas que colidem com o planeta tenham trazido água adicional depois da superfície ter cristalizado, criando zonas com água em que vida tivesse tido condições para se formar.
Há muitas questões em aberto. "São precisos modelos mais extensos do sistema magma oceano e atmosfera e da sua evolução para que se perceba a evolução do jovem planeta Vénus", sustentou Chassefière. Criados estes modelos computacionais, os dados fornecidos pela Vénus Express revelar-se-ão cruciais.
Ciência Hoje
A Venus Express mediu a taxa a que estes gases se escapam e confirmou que para o hidrogénio a taxa é duas vezes superior à do oxigénio. Acredita-se, por isso, que a água é a fonte destes iões que se evadem. Verificou-se também que uma forma de hidrogénio pesado, chamado deutério, está a ser enriquecido progressivamente nas camadas mais elevadas da atmosfera de Vénus, já que para o hidrogénio pesado não é tão fácil escapar.
"Tudo indica que tenha havido grandes quantidades de água em Vénus, no passado", diz Colin Wilson, da Universidade de Oxford, Reino Unido. Mas isto não significa, necessariamente, que tenha havido oceanos na superfície do planeta.
Planeta é actualmente árido (Imagem: J. Whatmore) |
Eric Chassefière, da Universidade Paris-Sud, França, desenvolveu um modelo computacional que sugere que a água tenha existido sobretudo na atmosfera, em tempos muito primitivos, quando a superfície estava totalmente fundida. À medida que as moléculas de água se separavam em átomos, pela acção da luz do sol, e escapavam para o espaço, a consequente descida na temperatura desencadeou provavelmente a solidificação da superfície.
Apesar de ser difícil testar esta hipótese, esta é uma questão que impera. Se Vénus alguma vez tivesse tido água à superfície, seria possível que o planeta tivesse passado por uma fase inicial de habitabilidade. Mesmo correcto, o modelo de Chassefière não exclui a hipótese de os cometas que colidem com o planeta tenham trazido água adicional depois da superfície ter cristalizado, criando zonas com água em que vida tivesse tido condições para se formar.
Há muitas questões em aberto. "São precisos modelos mais extensos do sistema magma oceano e atmosfera e da sua evolução para que se perceba a evolução do jovem planeta Vénus", sustentou Chassefière. Criados estes modelos computacionais, os dados fornecidos pela Vénus Express revelar-se-ão cruciais.
Ciência Hoje
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