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terça-feira, 26 de maio de 2009

Corpo celeste caiu no no lago Tagish

Corpo celeste caiu no no lago Tagish em 2000
Meteorito tem grandes quantidades de molécula orgânica do caldo químico que deu origem à vida
26.05.2009 - 18h29 Nicolau Ferreira
O meteorito do Lago Tagish revelou ter uma quantidade enorme de ácido fórmico, um composto orgânico que os cientistas acreditam ter sido importante no ambiente químico da Terra antes de haver vida. Os resultados foram apresentados na reunião da American Geophysical Union, que está a decorrer no Ontário, Canadá.

O corpo celeste caiu em Janeiro de 2000 no lago Tagish, que fica no extremo ocidental da Colúmbia Britânica, já perto do Alasca. Na altura foram recuperados entre cinco e dez quilos do condrito – um tipo de meteorito formado no início do sistema solar, quando os planetas tinham uma composição química homogénea – que, segundo o que se analisou, é composto principalmente por minerais como olivina, magnetite e vários carbonatos.

Através da medição da órbita à entrada da atmosfera terrestre, calcula-se que o meteorito do Lago Tagish fosse originário da Cintura de Asteróides, entre Marte e Júpiter.

Os novos estudos mostram que o corpo tem quatro vezes mais ácido fórmico do que o registado noutros meteoritos até agora estudados. “Tivemos sorte por o meteorito não ter sido tocado por mãos humanas, evitando a contaminação por compostos orgânicos que temos nos nossos dedos”, disse em comunicado Christopher Herd, curador da colecção de meteoritos da Universidade de Alberta. As temperaturas frias do lago Tagish evitaram que o químico se volatilizasse.

O ácido fórmico é famoso pelo sabor amargo que dá às formigas (para quem as tentar comer) e, como todos os compostos orgânicosm tem o carbono como átomo central. Até agora, os cientistas tinham como referência para a concentração extraterrestre deste composto o meteorito de Murchison, que "aterrou" nesta cidade australiana em 1969.

“É interessante esta variabilidade entre meteoritos, parece haverquantidades maiores de um composto num meteorito em relação a outro”, explicou Mark Stephton, geoquímico do Imperial College de Londres, em Inglaterra. “Isto tem sido subestimado, por nos concentrarmos predominantemente no meteorito de Murchison, mas agora temos outra amostra recente. Assim, podemos começar a analisar uma porção diferente da Cintura de Asteróides, e por isso uma zona diferente do Sistema Solar”, acrescentou o investigador.

Através dos isótopos do hidrogénio – as formas particulares do átomo que, em vez de terem um protão, têm mais um ou dois neutrões – que o ácido fórmico continha foi possível deduzir que o composto terá sido formado em regiões geladas no espaço, antes do nosso Sistema Solar existir.

Segundo Mark Stepthon, o ácido fórmico terá sido um ingrediente importante antes da existência de vida na Terra. O composto é um bom agente redutor, que durante as reacções químicas atrai os átomos de oxigénio, facilitando a conversão de uns aminoácidos (unidades que compõem as proteínas) noutros. Pode também ter estado implicado na transformação de ARN primitivo em ADN. O investigador defende que desta forma é possível “com moléculas simples aumentar a diversidade química das moléculas pré-bióticas”.

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